quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Morning Star



Don't pray to me, I'm no God
I'm just a fox, fighting back mother nature
He says I'm a monster, I'm just His creature
Following my instincts, hunting, the predator

I'm a street dog, surviving among the garbage
He created the lice, to bow to Him and He wanted me
To kneel for them too, imagine how could I?
I've carried them on me since
I'm bigger and stronger, yet you people are on me
We run and I try to flee, my only dream is liberty

I scratch and bite, but they still feed on me
I give what you all want, bonded by blood, then you belong to me
Nothing more fair, however you are still unpleasant
Never satisfied children, regretful searching redemption sinners

No shackles, no laws, no blind obedience
Father has lost it, but I have not
Instead of flying as a servant I crawl as a king
I'm the serpent without wings

I'm proud, I turn his ant farm against Him
You are pawns, you are a game, you are credit
In our senseless war

A bad joke, but I will be the last to laugh
Who am I? I'm the light in you, I bear the light
I command it, I own it

Let us sit around my fire and stare to the darkness
Come, come, have a drink on me
And dance at the everlasting midnight hour

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sobre Meninos e Lobos

O medo é a força motriz da vida. É ele o açoite que impulsiona o espermatozoide a nadar até o óvulo para assim não ser descartado. É ele que transforma a beleza do milagre da vida em hesitação na hora do parto, quando a mulher compreende que ela carrega um parasita dentro de si e que é chegada a hora de expulsá-lo e a única maneira de fazê-lo é através de dor e sangue. Simplesmente a própria razão de termos filhos é fruto do medo, o medo de não termos feito nada de relevante, de que ao morrermos, não deixemos nenhuma continuidade, não deixemos nada para trás. E é por medo da solidão quando a morte nos visita que casamos, para agonizarmos com uma companhia para nos distrair do fim fatídico.

O medo é um amigo ancestral do homem, é devido a ele que criamos o fogo, pelo medo que as trevas nos despertavam, mas assim que conseguimos arranjar uma arma contra a escuridão nos demos conta da existência das sombras. O desconhecido é a morada primitiva de todos os nossos medos, a religião é a piada cósmica do medo, tanto que um de seus mandamentos é temer a Deus. A paranoia, as neuroses, os acessos, todos são derivados do medo, fantasiados de outros nomes, para que possamos conviver com o nosso medo de uma maneira mais possível.

Hoje, nos prendemos, nos enjaulamos, nos distanciamos, nos fechamos, nos protegemos atrás de mentiras e convenções sociais para que possamos de uma maneira,  controlar as nossas relações, por medo de nos deixarmos levar pelos outros. O medo pode excitar, por esconder possibilidades nem sempre nefandas, é a ilusão erótica do medo, a fantasia de que de alguma forma o Universo não conspirará contra e sim, reservará algo especial para nós.

E de todos os medos inimagináveis, nenhum é maior do que o que o escritor enfrenta, porque sua matéria-prima é a massa amórfica do pensamento, incontrolável e imprevisível que é o maior dos desconhecidos: o  insondável abismo que reside na alma humana. Então, de tudo que posso temer, nada temo mais do que a mim mesmo, do que posso criar, do que posso parir, do que posso encontrar bebendo dessa fonte chamada imaginação onde não existem limites, barreiras ou leis.

O Homem é o Lobo do Homem. Eu sou o meu Lobo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Nostalgium



   Ah, esse eco na noite escura, esse vulto chamado saudade que me assombra, feito de fantasmas, memórias ressuscitadas. Belos sentimentos, abraços de amigos, abraços apertados, fortes entrelaços, sufocados gemidos, entredentes, quente, suavemente úmido, sente? - Sente-se. Prove o vinho, ouça a música, deixe-se levar pelas névoas etéreas, pelos aromas, há momentos que nos marcam, muitos lembram apenas daqueles que deixam cicatrizes, dos traumas que partem nossas almas como espelhos estilhaçados. Tolos, rememoram apenas a dor, pois existem também as lembranças doces, viscosas, viscerais, lascivas.

   Abra as gavetas certas, escolha os capítulos certos, os que valem à pena serem relidos, os beijos, aqueles beijos, arpejos de nota de amores e desejos, segredos, inenarráveis segredos que só podem ser divididos por parceiros, cúmplices, sem data de validade, eternos. Música para a alma, dance novamente, nu na chuva. Pois o vento da tempestade e da brisa sabe de tudo e mesmo que percorra o mundo, ainda trará consigo o aroma de rosa, de pétalas, de pele, de seres mitológicos. Não junte teias, relembre-se e alegre-se, releia as páginas que você escreveu de sua vida. Veja os personagens que você foi e com os quais contracenou. Lobos ao luar, animais em curra, luta, unhas, feras, monstros, pecados e chocolate, fantasia, páginas e dedos molhando-se nos lábios para virá-las, mas os olhos, os olhos tentam, porém se fecham, virando-se para dentro para sentir o toque que alcança o interior, até a alma.

   E que as ninfas dancem, que bailem, que entrem em transe, que se possa viver e aproveitar o futuro e todas as suas surpresas, mas que sempre que se olhe para trás, já que podemos escolher, lembre-se e sorria. Viva para ter motivos para sorrir, para sentir, para excitar. Suas marcas serão para sempre lembradas, como mordidas no pescoço, língua e saliva no ouvido, risos alegres dobrando como sinos ao longe. Entretanto nunca tão longe que não possam ser seguidos.