As garras presas nos cachos revoltosos como as serpentes da Górgona, a puxavam com violência para trás. Como um cavaleiro esporando sua montaria ele se enterrava nela a empalando. Sua boca espumante blasfemava e a engolia, cravando os dentes e arrancando sangue a cada mordida. Ele a possuía como um animal selvagem, arranhando, mordendo, machucando, cobrindo-a com a ferocidade de um leão e com o desejo dos cães. Segurava seu pescoço para subjugá-la, a surrava enquanto a currava, a punia quando ela ousava se virar para vê-lo, mesmo assim ela o enfrentava. Os corpos lutavam enquanto os sexos se fundiam, com força.
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Ela tentava se livrar dele para cavalgá-lo por cima, prendendo-o sob seus quadris, dominando os movimentos. Suas unhas afiadas de harpia retalhariam seu peito em busca do seu coração pulsante e ela morderia seu rosto como uma cadela. Nenhum dos dois conseguia manter preso por muito tempo o outro, não estavam dispostos a ceder. E a batalha ao passo que os exauria, também os excitava.
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Rolavam na cama como cachorros, uivavam e gemiam doloridos e enlouquecidos de prazer, suados e molhados pelos humores que brotavam de seus sexos inflamados. Ares e Afrodite travavam uma guerra na qual a arma era o prazer, vencer era causar o orgasmo, a morte. E a única regra era de não parar, até o fim. Ele começou a latejar e pulsar, sabia que o gozo vinha tão quente e rápido quanto o sangue que corria em suas veias. Ela sentia que um mar preparava-se para se esvair por entre suas pernas, um calor intenso em seu ventre a prevenia que estava prestes a ser aniquilada. Ele por cima, olhando-a nos olhos, segurando seus braços e com o rosto longe de seus dentes a prendia contra a cama, jogando seu peso sobre ela e cravando-se em seu útero.
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Assim podiam assistir a derrota um do outro. As feições animalescas e demoníacas de seres consumidos pela volúpia e violência se transformavam em semblantes de sofrimento e êxtase, nenhum podia usufruir do perder-se do seu inimigo porque enquanto viam a vinda da explosão, também sentiam em si mesmos a marcha do sexo chegando ao fim. O gozo misturou-se dentro dela em um calor infernal que molhou as coxas dele. Eles tremiam como se transpassados por uma espada, agonizantes, as unhas dentro da carne.
Exaustos, desmaiaram.
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Ele por cima dela, dormindo, parecia tão inocente quanto uma criança dormindo com a boca aberta, Eros repousando sobre o seio de sua mãe. Ela estava plena, ruborizada, sibilando leve, abraçada a ele. Adormecera com uma das mãos emaranhada em seus cabelos, como se ao invés de querer tirá-lo de cima puxando-o pela cabeça, estivesse-lhe fazendo cafuné.
2 comentários:
Perfeito...
Obrigada, amor...
Você acaba de provocar um terremoto em mim...
Eu que agradeço pelo seu incentivo em me fazer continuar a escrever. Foi muito gostoso escrever esse conto, e ficou rápido, forte, fácil de ler, quem sabe estou deixando o meu hermetismo de lado finalmente? Graças a você, sempre.
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