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Contudo, somos mais toleráveis ao que nos fere. O sofrimento nos acompanha desde o nascimento, a felicidade por outro lado é algo mais raro e demanda maturidade emocional. Nos machucamos e aprendemos a nos fortalecer com as feridas. Ao menos assim pensamos. Passamos boa parte da vida obedecendo o sofrimento e então, finalmente o tempo colhe aquela coisa estranha que incomodava nossa alma e que nós nunca entendemos exatamente qual a razão para sentirmos isso.
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Enfim a constatação de que nossas escolhas não foram nossas e sim do medo de encarar o passado e de aprender que ele não é o profeta absoluto do futuro nos arrasa. Descobrimos que nossa coragem não passa de covardia e que repetimos o mesmo erro inúmeras vezes. Somos viciados na dor e no pensamento de que seremos em algum ponto revisitados pelos fantasmas de antigos traumas. Então a dor que também estava reprisada, porque nunca a encaramos de frente, se apresenta, inteira. E exatamente quando estamos prestes a conhecer o que é felicidade, compreendemos a verdadeira dor.
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É nesse momento que provamos do que somos feitos. Porque as emoções não nos governam, nós decidimos como vamos viver. Muitos voltam para o que consideravam seguro, tentando fingir a ignorância de outrora. Outros sucumbem e se deixam invadir pela sensação de sofrimento o abraçando e fazendo dele sua casa. Poucos, muito poucos encaram a vida sem pintá-la como o céu ou o inferno. No máximo um purgatório pessoal onde somos nossos algozes.
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O que quer que venha de fora não nos atinge tanto quanto o que nos acerta na alma.
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Ser feliz é um desafio e tanto para quem se atreve a viver plenamente. Renunciar certezas e redescobrir o mundo e a nós mesmos pode assustar, mas o risco de ser feliz é o melhor risco que há. Basta apenas fé, algo que nunca pensei que teria ou recomendaria. Fé em nós mesmos. Na vida. Na felicidade. No amor.
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Entre a Tragicomédia da Felicidade e do Sofrimento e o romance, eu prefiro o romance. A dois.