Se eu pudesse transformaria o mais belo mármore
Talhando a pedra fria em tua carne
Desenhando teus olhos de moura, de lince
E faria de seus cabelos a perfeita moldura
Para desenhar o rosto teu, minha maior obra-de-arte
.
A boca maliciosa e pequena
As maçãs que trazem consigo a perdição dos homens
O nariz indolente e austero que me fareja
E enfeita a face do meu mais doce pecado
.
Eu faria com todo cuidado
Seu pescoço como um altar
Sustentando o orgulho, a vida e a morte
Ligando-os para o corpo perversamente
Esculpido em silhuetas
.
E os seios fartos me tomariam tempo
Pois me provocariam, mesmo presos
Ao frio elemento imóvel
Do qual estaria eu a produzir minha fêmea
.
E os braços fortes e singelos
Que se abririam me convidando
Ao apelo dos teus flancos
Possuidores do ritmo certo
Das amazonas e das ninfetas
.
O sexo me tomaria décadas
Para que eu pudesse somente rascunhar
A divindade que se esconde
Entre tuas coxas
.
E descendo cada vez mais
Iria finalmente chegar aos seus pés
E delicadamente os faria
Da maneira como tu és
.
Completa afinal minha obra
Tal Pigmaleão eu ordenaria
Que a estátua do meu amor
Me dissesse apenas “Eu te amo”
.
Qual seria então o meu engano
Minha dor e meu desencanto
Ao entender que nenhum homem
É capaz de reproduzir a cria dos deuses
Lasciva, impura e delirante como um demônio
Bela, fascinante e inominável como um anjo
Para saciar seus prazeres
3 comentários:
A escultura está quase completa... Mas lembrei do Drummond e vi que ainda falta uma parte: a bunda!
:)
Agora não falta mais. Espero que você goste.
olá vim aki para ler o jardineiro ae me perdi em parla...ahhhhhh....chuaaaaaaaaaa...que delicia,qta sensualidade,é de arrepiar..adorei..bem lembrado a Nina,a bunda dos poemas de Drummond...kkk(ih,quase falei a bunda de Drummond...kkkk)bjos!
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