Nós e tudo no Universo somos feitos da mesma coisa. Poeira primordial da qual surgiram estrelas, galáxias, planetas, sóis, luas, eu, você. Nossas vidas não são nada se comparadas aos milhares de milhões da anos dos seres celestiais, mesmo assim a cada dia uma estrela pode ter nascido ou desaparecido, um buraco negro pode ter engolido misteriosamente tudo a sua volta, planetas podem ter sido atingidos por meteoros ou colidido com outros planetas.
A dança do Universo é inexorável, incessante, assim como o tempo sobre nós. Os ponteiros não param mesmo que às vezes eles pareçam rápidos de mais nos momentos bons e lentos de mais para os menos importantes. Assim como a Terra nós vivemos em rotação, vivendo ao redor de nós mesmos e dos detalhes desimportantes da rotina, somos afogados por coisas ordinárias, entorpecidos e anestesiados pelo comum. Para muitos este é o resumo de suas vidas, as preocupações banais, porém para realmente existir precisamos ter as nossas translações, as nossas voltas que nos fazem conhecer e sentir a luz de experiências únicas, de situações especiais, de momentos inesquecíveis. São eles que guardamos na memória e não as neuroses com contas e prazos.
A cada ano um ciclo se fecha para se reiniciar, para algo novo nascer e então contamos quantas transliterações tivemos. E nos perguntamos quantas deixamos de ter devido as nossas rotações. Somos apenas peões rodando para divertir os outros como as crianças de antigamente que se divertiam rodando esses brinquedos ou nos divertimos e criamos lembranças como as do tempo de criança ao brincar de peão? A idade tende a nos tornar mais filosóficos, ou meramente mais desconfiados. Pesamos nossas escolhas e reavaliamos a nossa vida, há sempre tempo de mudar, repensar, escolher outros caminhos. Ao menos nos convencemos que sim e deixamos para amanhã a transliteração dos sonhos enquanto cumprimos as rotações diárias.
Estou feliz com a dança do Universo, sou um mundo repleto de imagens e sons próprios, de vida. E há ainda muito para se desvendar, descobrir. Mas ao passar do tempo compreendemos que não teremos tempo para revelarmos o maior dos mistérios: a nós mesmos. De tudo que somos capazes, do que poderíamos ser. Aprender a conviver com isso é um desafio que urge sem deixar de acreditar que ainda há muito a ser contado, vivido, translado.
O meu Universo Particular está dançando e eu não quero só rodar na ponta do pé como um bailarino, quero me lançar como uma estrela cadente e cair sem abrir os olhos no desconhecido, bailar de mãos dadas com o destino e gozar a vida enquanto há possuo. E que assim seja.
O meu Universo Particular está dançando e eu não quero só rodar na ponta do pé como um bailarino, quero me lançar como uma estrela cadente e cair sem abrir os olhos no desconhecido, bailar de mãos dadas com o destino e gozar a vida enquanto há possuo. E que assim seja.
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