quarta-feira, 15 de outubro de 2008

POESIA ERÓTICA - tradução de José Paulo Paes


Algumas pérolas do presente que ganhei, POESIA ERÓTICA tradução de José Paulo Paes, no meu aniversário da minha mulher.
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Fragmento de Os amores de Ovídio
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Era intenso o calor, passava do meio-dia;
Estava eu em minha cama repousando.
[...] Eis que vem Corina numa túnica ligeira,
Os cabelos lhe ocultando o alvo pescoço;
Assim entrava na alcova a formosa Semíramis,
Dizem, e Laís que amaram tantos homens.
Tirei-lhe a túnica; de tão tênue mal contava:
Ela lutou todavia para cobrir-se
Com a túnica, mas sem empenho de vencer:
Venceu-a, sem mágoa, a traição.
Ficou em pé, sem roupa, ali diante dos meus olhos.
Em seu corpo não havia um só defeito.
Que ombros e que braços me foi dado ver, tocar!
Os belos seios, que doce comprimi-los!
Que ventre mais polido logo abaixo do peito!
Que primor de ancas, que juvenil a coxa!
Por que pormenorizar? Nada vi tão louvável,
E lhe estreitei a nudez contra o meu corpo.
O resto, quem não sabe? Exaustos, repousamos.
Que outros meios-dias me sejam tão prósperos!
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Da Priapéia
LXVI
Príapo a certa pudica
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Para não veres meu emblema viril,
apartas a vista, como o pudor exige:
sem dúvida porque o temes olhar,
anseias por recebê-lo em tuas entranhas.
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Do século de ouro espanhol
SOLTA
Idem, V
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Vinte e dois anos tenho, mãe, para casar-me
pois me doem os dedos de tanto purgar-me.
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Régnier
EPIGRAMA
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A língua ontem me atraiçoou.
Conversando com Antonieta,
Disse eu "Que foda!" e ela, faceta,
Fez cara de quem não gostou.
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Muito embora comprometido,
Vi, pelo rubor de seu rosto,
Que o que eu disse dava-lhe gosto,
Mas noutro lugar, não no ouvido.
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La Fontaine
EPIGRAMA
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Amar, foder: uma união
De prazeres que não separo.
A volúpia e os desejos são
O que a alma possui de mais raro.
Caralho, cona e corações
Juntam-se em doces efusões
Que os crentes censuram, os loucos.
Reflete nisto, oh minha amada:
Amar sem foder é bem pouco,
Foder sem amar não é nada.
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Goethe
DOS EPIGRAMAS VENEZIANOS
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Quanto tempo procurei uma mulher; só achava putas.
Finalmente te apanhei, putinha: aí tive uma mulher.
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Não vos irrite, mulheres, admirarmos as moças:
Gozais de noite o que elas de dia excitam.
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Não te queres deitar nua ao meu lado, bem-amada;
Por vergonha te escondes de mim em tuas vestes.
Diz-me, o que cobiço? A tua roupa ou o teu corpo?
Vergonha: uma roupa que os amantes jogam fora.
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Joyce Mansour
GRITOS
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Me deixa te amar
Amo o gosto do teu sangue espesso
Por longo tempo o conservo em minha boca sem dentes
Seu ardor me incendeia a garganta
Amo o teu suor
Amo acariciar as tuas axilas
Banhadas de alegria
Me deixa te amar
Me deixa lamber os teus olhos fechados
Me deixa furá-los com a minha língua pontuda
E lhes encher as órbitas com a minha saliva
Me deixa te cegar
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Queres o meu ventre para te nutrires
Queres meus cabelos para te fartares
Queres meus rins meus seios minha cabeça raspada
Queres que eu morra lentamente lentamente
Que eu murmure morrendo palavras de criança
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Quero me mostrar nua aos teus olhos cantantes
Que me vejas gritando de prazer
Que meus membros dobrados sou um excesso de peso
Te levem a atos ímpios
Que os cabelos lisos de minha cabeça oferta
Se embaracem nas tuas unhas recurvas de furor
Que permaneças de pé enceguecido e crente
A contemplar lá de cima o meu corpo depenado
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3 comentários:

sel disse...

Quero degustar esse com calma..volto comentar...

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Gostei do "minha mulher"... ;)
Eu imaginei que fosse gostar do presente... Espero que sirva de inspiração para você escrever algo nesse estilo (afinal, tudo começou com poesia erótica, não?).
Há quem chame de "sujeira" ou "doença"... Mas esses não sabem MESMO o que dizem...
E se somos "sujos" ou "doentes", que sejamos assim sempre, pois é uma delícia dividir essa coisa toda com você...
Luv ya, babe...

sel disse...

Li,curti e adorei,poesia erótica sempre me chamou muita atenção,e que parace que tem mais emoção,você imagina,suspira,sente na alma o poder que as palavras pode causar..bjos amigão,tô na espera da continuação do conto..bye!