domingo, 13 de julho de 2008

O Jardineiro


“Porque tu és pó, e em pó hás de tornar”
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Gênesis, cap 3, ver 19
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A perdição da humanidade começou com um fruto, o fruto proibido da consciência do Bem e do Mal que a serpente ofereceu a Eva. Assim ao menos, ensinam os padres. Mas antes de ser fruto, ele haveria de ter sido flor, a mais bela de todas, do mesmo modo como o fruto proibido era o mais suculento dos frutos de todo o paraíso. Uma flor não precisa de engodo para que alguém queira colhê-la, sua beleza é suficiente por si só. A flor foi feita para chamar a atenção, órgão sexual das plantas, arma de sedução da natureza. E se ao invés do fruto, Eva tivesse colhido a flor da Árvore do Conhecimento? Teria Deus a condenado? Deus me condenará por trazer os homens ao pó, se nessa terra amaldiçoada eles agem como se já estivessem no inferno? Eu acho que não. Apenas destruo as ervas daninhas do Jardim do Éden, para que o perfume, as cores e a beleza das flores não se percam em meio à hera.
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O Jardineiro
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Em uma brincadeira há algum tempo atrás, eu ganhei um apelido de "Jardineiro Psicopata" por agir de uma forma, como alguns diriam, ciumenta. E, pensando a respeito, eu comecei a imaginar como seria uma figura assim, que combinasse tanta delicadeza e crueldade em um único indivíduo. Até que finalmente, algo começa a fazer sentido. Um novo personagem está para nascer, talvez demore um pouco, mas a idéia está bem clara. Eu sempre gostei de filmes com histórias policiais e de suspense, como Se7en, e de personagens psicopatas como Hannibal, da sequência de filmes que começou com o Silêncio dos Inocentes. Jack Nicholson interpretando o escritor enlouquecido no filme Iluminado, perambulando pelo labirinto com um machado, é também uma imagem que nunca esqueci. Agora quero tentar criar o meu próprio monstro e me arriscar a me colocar no lugar de uma mente perturbada como a desses ícones da literatura e cinema. Que me perdoem os leitores, pois estou prestes a dar vida a um assassino.