quarta-feira, 20 de abril de 2011

BATHORY

A Condessa estava ansiosa por reencontrar seu marido que finalmente retornava para Sardar. Com a Hungria em guerra contra os turcos, o senhor de Erzsébet era essencial para a vitória, portanto sua esposa ficava longos períodos sozinha no castelo. Durante as ausências do Conde era a Condessa Bathory quem governava os empregados pelo extenso domínio dos Nadasdy.
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Ao saber do regresso de Ferenc, Bathory ordenou às suas criadas que lhe preparassem um banho perfumado. Enquanto uma das servas banhava seu corpo sinuoso, outra cuidava de suas unhas e outra ainda estava encarregada de penteá-la. Todas pareciam extremamente nervosas e desconfortáveis perante a nobre, mas a mais apavorada era a jovem que estava a pentear a cabeleira de Erzsébet. Seu pânico era tão grande que suas mãos tremiam e em um gesto descuidado a pobre acabou por puxar o cabelo da Condessa.

Bathory deu um grito de dor e tomada pela ira virou-se para trás fitando com fúria a criada. A moça desesperada começou a chorar implorando perdão o que fez só despertar ainda mais desprezo por parte de Bathory que lhe arrancou a escova das mãos e com um gesto rápido golpeou o rosto da serva. Seu golpe abriu um corte no rosto da jovem, segurando-a pelos cabelos Erzsébet não contente começou a bater a cabeça da serviçal contra a borda da banheira insultando-a, dizendo que ela deveria ter deixado os soldados de seu marido terem a violado ao contrário de protegê-la. Porque no fundo ela só servia para ser currada já que não passava de uma cadela sem aptidão para nada. Bateu repetidas vezes até que a criada parasse de respirar. Seu sangue jorrava quente escorrendo para dentro da banheira cobrindo a pele alva de Bathory.
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Ao se dar conta do que havia feito a Condessa largou a mulher que tombou sem vida. As duas outras criadas estavam aterrorizadas no canto do quarto, petrificadas por testemunhar tamanha brutalidade. Embaraçada por se entregar ao impulso de violência Erzsébet começou a rir das mulheres chamando-as com maliciosa doçura para perto de si, para que continuassem de onde haviam parado. Ambas hesitantes acabaram por se deixar levar por sua mestra e voltaram para a banheira. Erzsébet sentia-se estranhamente bem, excitada com o ocorrido. Sentia-se renascida em estar mergulhada no sangue virgem de sua empregada, parecia-lhe até mesmo que estava mais bela, mais viva, mais jovem. E a imagem dos soldados privados por meses de fêmeas violando uma jovem não saía de sua mente.
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O toque das mãos macias da criada que lhe lavava as pernas lhe arrepiava e com carinho guiou tais mãos delicadas para o meio de suas pernas. Trouxe para perto a outra que cuidava de suas unhas e lhe desamarrou o avental, deixando amostra os seios rosados e pequenos que ela começou a lamber e sugar. Puxou a criada que lhe masturbava para dentro da banheira com sangue e a beijou com sofreguidão enquanto ordenou para que a outra se despisse e se tocasse enquanto as assistia.
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Quando o Conde Ferenc Nadasdy chegou Bathory estava pronta, com uma pele de seda, vívida e deslumbrante como jamais estivera. A Condessa pediu ao seu marido que lhe trouxesse os dois mais bravos soldados de seu exército para receberem uma recompensa. Então adentraram as duas criadas que ajudaram Erzsébet com o banho e aos soldados elas foram concedidas. Bathory não satisfeita ordenou que eles as tomassem em sua frente e na de seu marido, estava curiosa para ver a ferocidade dos soldados. E eles não decepcionaram seus senhores. Pareciam bárbaros selvagens atacando as mulheres dos inimigos.
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Com palavras de desafio ela e Ferenc incitaram os dois brutos a estuprarem espancando e açoitando as duas mulheres, com a ajuda de instrumentos de tortura o prazer do casal em assistir o sofrimento alheio foi prolongado por horas até as mulheres cessarem de se mover. E enquanto os soldados abusavam das duas inocentes que sangravam mutiladas, Ferenc e Bathory riram-se, amaram-se e cuspiram no rosto estampado de dor e humilhação daquelas almas desafortunadas.
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Esse ritual acabou por se tornar tradição e antes e depois de qualquer campanha militar Bathory e seu marido brindavam e festejavam com seus soldados mais cruéis lhes presenteando com virgens para serem violadas e mortas. Os criados tremiam porque se algo não estivesse de acordo com a vontade da Condessa eles eram levados para serem torturados e seu sangue servia para banhá-la enquanto sofriam as mais inimagináveis atrocidades.
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Assim nascia uma parceria de amor e crueldade lendária que fez o nome da Condessa de Sangue ecoar pelos séculos, maior do que todas as conquistas de seu marido, sua maldade e libido impressionaram e impressionam por corar, despertar asco e desejo até hoje.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O JARDINEIRO (Capítulo Dois)

O JARDINEIRO

(Capítulo Dois)

Abel

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O noviço quem preparava tudo para o dia seguinte. Por fim se dirigia ao aposento do padre para despedir-se e lhe beijava a mão. Ioseph respondia o gesto com um sorriso. Seu corpo não permitia mais os hábitos de antigamente. O velho antes de dormir ferrava a porta e se deliciava recordando ao olhar as fotos antigas escondidas na mala com segredo que ele guardava debaixo da cama.

Aquela noite como todas as outras sonhou com o passado, com o coral. O coral era uma paixão particular que ele sentia muita falta. Aquelas crianças cantando e exaltando a Deus, todos tão inocentes e puros como anjos, adoráveis, lindos, principalmente os meninos. E dentre todos, ele, Abby, o mais belo e o com a voz mais angelical... - jamais se perdoaria pelo que acontecera àquele pobre jovem. Um pecado.

Durante seu sonhar pareceu perceber uma presença ao seu lado, junto de seu leito e no delírio do sono pediu perdão a Abby, imaginando que ele tivesse vindo lhe fazer uma visita como no passado.

_Perdão Abby, por favor, me perdoe. Mas eu não podia evitar, você era tão lindo e eu, eu... te amava...

Uma voz sinistra sussurrou em seu ouvido antes de sufocá-lo:

_Eu te perdôo padre, mas vamos ver se Eleonore irá fazer o mesmo...

Eleonore soube da notícia por um telefonema, seu filho de treze anos havia pulado da ponte para a morte. Ninguém soube dizer a causa de seu suicídio, ele era inteligente e amado pelos colegas na escola e era a revelação no coral da igreja, sua mãe mesmo não tendo muitos recursos nunca deixara lhe faltar nada.

A notícia do desaparecimento do padre veio pela TV, uma notícia urgente mostrando uma foto do padre e fazendo uma revelação inimaginável. A polícia dizia ter encontrado junto dos pertences pessoais do padre indícios de pornografia infantil.

O telefone tocou, Eleonore ainda em choque atendeu. Uma voz grossa e rouca ordenou secamente:

_Vá até o túmulo de Abby e veja as fotos que separei da polícia para você. Seja rápida e não conte a ninguém. Tenho uma proposta para fazer.

Ela caiu de joelhos com lágrimas quentes queimando seu rosto sem controle, tremendo. Desacreditada quanto ao que acabara de se passar ela vasculhou a memória e lembrou-se dos sorrisos estranhos que o padre dirigia a Abel. De repente levantou-se, pegou a bolsa e partiu.

O velho acordou e a primeira coisa que se deu conta foi o fato de estar nu, preso a uma cadeira e com um saco cobrindo seu rosto.

_Olá padre... Seja bem-vindo, espero que não esteja confortável.

Confuso e assustado o padre começou a pedir que o soltasse, ele rogava tão frágil que mesmo o criminoso mais vil seria capaz de se compadecer de seu estado.

_Isso mesmo, vamos jogar seu jogo Ioseph. Mas sou eu quem dita as regras. Entenda, não estou condenando seus atos, pelo contrário, sou um admirador do seu trabalho. Todos que passaram por suas mãos deram belos frutos.

Aquela voz maníaca parecia a de um demônio, porém o que mais assustava Ioseph era o fato do desconhecido parecer conhecer seus segredos mais obscuros. Sempre temera ser descoberto e jurara a si mesmo que tiraria a própria vida antes de ser julgado pela justiça dos homens. Somente Deus poderia fazê-lo.

_Você é louco, não faço idéia do que está falando. Eu sempre trabalhei humildemente servindo ao Senhor e fiz o que pude para fazer a diferença junto ao meu rebanho.

_Ah Ioseph, por favor. Eu vi as fotos, eu sei de tudo. Inclusive guardei as de Abby de recordação, sei que elas são muito preciosas para você. É exatamente pelo fato de você ter escolhido abusar dos indefesos que o faz tão importante. Você arruinou muitas vidas que acabaram por arruinar outras vidas mais. Percebe a beleza disso tudo? A sequência de destruição e desgraça que você iniciou ao levar aqueles meninos para seu quarto? Você faz idéia do que eles se tornaram? Você ficaria tão orgulhoso se soubesse o que eles se tornaram graças a você.

Ioseph escutava a tudo sem responder nada, jamais lhe passara pela cabeça que ao ceder à tentação de amar poderia resultar em destruição e desgraça.

Sem misericórdia, como se lhe causasse prazer o remorso do padre o homem continuou a falar.

_Porém Abby não rendeu frutos, deu cabo de sua vida e essa perda fez você parar. Sua mãe não se revoltou. Ela está presa pelo luto, pela dor. E é aí que você entra Ioseph, com a sua ajuda nós vamos mudar isso. Vamos libertar a ira que ela guardou por todos esses anos. Você sabe o quão bom é se entregar a tentação, vamos ver se Eleonore irá sentir o mesmo. Estou apostando que sim.

_Quem é você, Lúcifer? Como sabe de tudo isso, como pode saber? E o que você quer de mim, seu louco!

_Eu, Lúcifer? Quem dera, não adianta me bajular Ioseph. Somente cuido para que seu jardim esteja sempre belo. Nós nascemos maus Ioseph e se Deus não existe, tudo é permitido. A natureza humana é essencialmente maligna. Nós vamos fazer com que Eleonore experimente um pouco do que nós dois conhecemos muito bem. A semente da vingança está plantada há muito em Eleonore e até então ela não tinha um rosto para poder se voltar contra. Hoje ela vai florescer.

Horas mais tarde o homem retornou, o padre reconheceu seus passos pesados. O que o encheu de pavor foi perceber que o “jardineiro” não estava sozinho. Alguém se sentou a sua frente, a respiração ofegante, nervosa. Finalmente o silêncio foi quebrado:

_Perdoe-me padre, porque vou pecar. Vou tirar a vida de um homem e não me arrependo nem um pouco. Pelo contrário, estou com medo de que não possa me segurar e acabe indo rápido demais, que eu não faça você sofrer o suficiente. Perdoe-me padre, se puder, porque eu não te perdôo. Nunca perdoarei

Uma nova flor do mal desabrochara no jardim.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Para as Putas Tristes

Prefiro brincar com fogo e correr o risco de me queimar a morrer congelado. Baixar a guarda e talvez ser alvejado no peito a me blindar em uma armadura de insensibilidade. Abrir a porta no meio da noite e ser furtado a viver em um castelo com lembranças do passado. Quero mergulhar fundo, não a segurança do raso, do superficial, do descaso. Ser bicho, ser lobo e não um brinquedo, um passatempo, mais um corpo sem alma, sem rosto, sem gosto. Viver mais do que o hoje e sonhar com um futuro gozoso glorioso.

Viver dez anos a mil, ontem, hoje e sempre acreditando.

Nada pode ser mais miserável do que a memória das putas tristes. Se como no romance de García Márquez até um nonagenário pode descobrir o amor, não vejo vantagem para quem se castra da pior maneira, matando o coração. Nem todos tem a sorte de viver até os noventa.