terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Homens" por Fernanda Montenegro


Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha ‘Salvem os Homens!’ Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

1. Habitat

Homem não pode ser mantido em cativeiro. Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro.

Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.

2. Alimentação correta

Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um ‘eu te amo’ no café da manhã os mantém viçosos, felizes e realizados durante todo o dia.

Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.


3. Carinho

Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor.

Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.

4. Respeite a natureza

Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros? Case-se com uma Mulher.

Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.

5. Não anule sua origem

O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apoie.

6. Cérebro masculino não é um mito

Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino.

Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurónios a menos). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objecto de decoração. Se você se cansou de coleccionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade. Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja desses, aprenda com eles e cresça.

E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens. Não faça sombra sobre ele…

Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma. E minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí você vai ver o que é mau humor!

Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom! Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.

Com carinho,
Fernanda Montenegro

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Amor Bandido


Ela passou pela revista aflita, não que se incomodasse em ter mãos estranhas apalpando seu corpo, estava acostumada a passar por isso desde criança. Tão pouco lhe causava qualquer mal-estar o celular na camisinha enfiado em seu sexo, pelo contrário, tantos já haviam estado ali contra sua vontade que o perigo de ser descoberta a excitava. Contudo a camisinha com cocaína fundo no ânus, isso sim, era um tanto desagradável. Claro que o fato de estar prestes a rever o seu homem era o verdadeiro motivo por trás de tudo, fazia alguns meses que ela não o via, desde que ele fora preso por tráfico.
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Nesse meio tempo, nada mais romântico do que trocar cartas de amor, cheias de mensagens e ordens para ela repassar para os outros do bando. Inclusive ela ajudou seu amado pagando com seu corpo as dívidas que ele fizera com os caras da facção. Enfim adentrou as muralhas do presídio, paredes cinzentas e enegrecidas pelas infiltrações, um fedor permanente de esgoto e suor no ar e os condenados tentando relembrar como se comportar com suas famílias. Ela foi direto ao pavilhão dele e com a ajuda de sua boca e mãos conseguiu entrar em sua cela. Os policiais tinham lhe castigado tirando o dia de visitas de seu amor só porque ele tinha tentado esfaquear o carcereiro, como se fosse algo ruim tentar acabar com a escória que cercava armada aquele lugar horroroso.
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O encontro foi lindo, ele vidrado assim que a viu a puxou para dentro e tirou quase rasgando suas calças. Ela surpresa por tamanho rompante de paixão deixou-se ser vasculhada por dedos ansiosos por resgatar os presentes que aquela mula carregava. Assim que puxou o celular e o pó, espalhou a coca em um espelho e começou a cheirar desesperadamente enquanto tentava ligar o aparelho. Ela, perplexa por ser deixada de lado ajoelhou-se e puxou o calção do amado, reparou nas marcas de agulha nos braços dele, mas achou melhor não comentar nada.
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Ela o queria muito, porém ele estava tão debilitado que não conseguia uma ereção nem com a melhor das bocas, e olha que ela tinha todos os dentes (também tinha alguns pivôs, é verdade, que custaram os olhos da cara para agradar sua cara metade). Frustrada ela tentou excitá-lo se tocando para ele. Para provocar mais, jogou um pouco do pó entre as pernas. Ele pôs-se a lambê-la e cheirá-la resfolegante. Com muita ajuda dos próprios dedos ela conseguiu um orgasmo mirrado e então o policial veio avisar que já estava na hora das visitas voltarem. Enquanto isso ele falava com os parceiros de fora no celular e pelo tom da conversa, não parecia muito feliz.
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Ela carinhosa quis se despedir com um beijo e ele docemente lhe cedeu um grande tapa na cara que lhe rendeu um tombo. Na queda ela bateu a cabeça contra a privada abrindo um corte profundo. Assustado o guarda entrou com a arma na mão e viu o preso ensandecido chutando a mulher que chorava de dor no chão. Assim que se aproximou o bandido se voltou contra o policial que estava pronto para disparar.
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A bala cravou fundo o peito da mulher que levantou-se para salvar seu amor. Enquanto ela se afogava com o próprio sangue, seu amado ria de seu sacrifício e cuspia em sua cara. O policial assustado chamava o reforço, iria alegar que a mulher entrou ali escondida e que o preso a matou. Acabara de decidir que aquele louco não sobreviveria a sua temporada no inferno.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Alma Mater


Controle. Poder. Ordem. Mais do que necessário, vital. Afinal sempre houve e sempre haverá uma linha de comando, uma hierarquia, uma cadeia alimentar. Quando a primeira luz surgiu a primeira sombra foi criada. Eu sou apenas a evolução desse pensamento.
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Não tomo lados nem partidos, trato igualmente a todos. Por isso não me envolvo em guerras, apenas as alimento. Cada um acredita que Deus está do seu lado sem saber que eu estou muito mais próximo do que ninguém. Para mim é como tratar animais de estimação: armas e munições para ambos os lados. Nada é impossível, proibido, mas tudo tem seu preço.
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Negocio sacrifícios, lucros, vinganças, sucesso e quaisquer outros derivados dos sete itens principais do meu catálogo. Compro e vendo almas no atacado e varejo (garanto-lhe que não faz falta). Também chantageio anjos, afinal conheço bem suas quedas. Tenho contatos onde você nem pode imaginar com toda sorte de figuras. Sou mestre dos truques da Criação e me divirto em perverter, distorcer, deformar e mutilar seus frutos e filhos. Enquanto a luz da concorrência ilumina, a minha cega.
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O segredo do meu sucesso é o prazer que tenho em fazer meu trabalho. Enfim, posso lhe assegurar que estarei sempre à disposição e que você será muito bem atendido. Pronto para fechar negócio?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Invasões Bárbaras



Eles iniciaram a marcha sobre a terra ainda úmida pelo degelo dos primeiros dias de primavera. Conforme avançavam percebiam a paisagem se transformar em uma terra desolada: campos devastados, casas queimadas e terra salgada. O povo havia preferido destruir suas próprias fazendas a deixá-las para os inimigos.
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Então avistaram o castelo, o último refúgio da resistência. Sitiaram a fortaleza e ergueram suas máquinas de cerco. Decidiram esperar as catapultas abrirem uma brecha no muro exterior da cidade para iniciar o ataque, o que levou toda a estação das flores.
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Quando o verão chegou o exército avançava com suas torres para a invasão. Ao caminharem sob a sombra da muralha uma chuva de flechas surpreendeu os soldados que tombaram gritando de terror. Sem cessar flechas flamejantes continuaram a cair sobre os maquinários de invasão. Durante semanas os arqueiros repeliram qualquer aproximação enquanto em vão se tentava erguer uma barreira na brecha dos muros. A estratégia de invasão teve de ser mudada devido a nova situação e se começou então a construir em segredo um túnel por debaixo das defesas dos exilados. Enquanto arautos e diplomatas fingiam negociar um tratado de paz os soldados na calada da noite trabalhavam incessantemente para vencer o forte.
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Ao término do verão quando o túnel estava quase pronto para ser usado os defensores da cidadela derramaram nele óleo fervendo e depois atearam fogo carbonizando grande número de inimigos. A decepção do plano rendeu aos senhores da guerra muitas suspeitas de traição e dezenas foram torturados e enforcados por conta disso.
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O outono trouxe a fome, o frio e a tristeza, em desespero os homens mobilizaram-se para um ataque em massa. Os líderes do exército temendo uma rebelião prometiam aos soldados o direito a pilhagem e os lembravam das mulheres que lhes esperavam. A batalha campal se estendeu por toda a estação. Ao longo do dia os guerreiros se enfrentavam em embates épicos e durante a noite os sobreviventes retornavam ao campo de batalha para procurar e enterrar seus mortos. O confronto só cessou quando havia mais corpos para serem enterrados do que homens para cavar, o que trouxe para defensores e invasores um inimigo em comum: a doença.
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A companhia dos mortos fez com que uma praga se espalhasse ceifando mais homens do que toda a guerra, os dois lados viram seu contingente se perder quase que por completo. Piras de corpos ardiam e aqueciam os famintos de dentro e fora do castelo. O inverno chegara mais cedo e terrível do que o anterior trazendo tempestades de neve que logo tomaram todo o horizonte. Unidos em paz forçada os soldados assistiram o sofrimento dos velhos do castelo que agonizavam, viram os cadáveres das mulheres que perderam seus maridos e tiraram a vida de seus filhos e as próprias por medo das barbáries que sofreriam caso caíssem sob o domínio do oponente e os últimos guerreiros mutilados que tinham perdido a sanidade. Muito pouco sobrara para se conquistar ou ser defendido.
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Sem comida, sem fogo, os homens tiveram de se alimentar de seus semelhantes enquanto assistiam os dedos gélidos da morte gangrenarem seus braços e pernas. Como último recurso puseram a se amputar até que nenhum mais pudesse empunhar espada.
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Por fim, rastejando, mordiam-se como cães, famintos, loucos até perecerem um a um, lentamente sob a neve.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mr. Penny


Tudo começou simples. Quatro homens encapuzados, duas pistolas, duas calibre doze - Mr. Penny, Mr. Nickel, Mr. Dime e Mr. Quarter - no meio da tarde, em um banco com poucos clientes que se renderam facilmente e um gerente que abriu o cofre sem fazer alarde. Cheios os sacos de dinheiro Mr. Penny meteu uma bala pelas costas em Mr. Nickel o trancando no cofre. Assustados com o barulho, Mr. Quarter manda Mr. Dime ir ver o que se passa e antes de poder perguntar ao Mr. Penny o que havia acontecido esse lhe acerta uma bala na testa. Os disparos deixam todos desesperados, os reféns começam a chorar e a gritar, o gerente usa a distração e aperta o botão de emergência.
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Mr. Quarter grita para o Mr. Penny desistir e aparecer de uma vez, a polícia estava a caminho e se eles não saíssem logo dali tudo estaria terminado. Mr. Penny agarra uma mulher e a faz de escudo, respondendo que pelo contrário, aquilo era só o começo. Os dois ficam se encarando, cada um mirando a pistola contra o outro, as sirenes se aproximando. Mr. Quarter pergunta a Mr. Penny a razão dele ter os traído e a resposta é rápida: _Porque não quero dividir a amizade de Benjamin Franklin com ninguém...
Aproveitando a distração de Mr. Quarter, Mr. Penny descarrega o pente contra seu colega e ele caindo faz o mesmo. A mulher junto de Mr. Penny dá um grito e cai chorando com a barriga sangrando, Mr. Penny permanece ileso.
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Ainda daria tempo de Mr. Penny pegar as sacolas e partir no carro de fuga antes da polícia fechar o cerco. Bastava ele apagar o Mr. Wheels como fizera com o resto, assumir o volante e sumir. Mas Mr. Penny queria mais. E aí é que as coisas deixaram de ser simples.
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Um negociador, horas de tensão, uma exigência. O dobro do que havia no cofre em um carroforte e uma escolta até um avião. Os clientes do banco pelo carro e o gerente pelo avião. Se a luz fosse cortada, se um tiro fosse disparado por algum dos atiradores de elite, se a equipe da SWAT tentasse entrar, se eles usassem bomba de fumaça ou se eles não atendessem seu pedido em duas horas, todos morreriam. Enquanto isso Mr. Penny tirou todos os cartões de crédito dos clientes, anéis, alianças, celulares, pulseiras e relógios, pegou todos os trocados das carteiras. Exigiu que o gerente passasse todo o dinheiro de todas as contas dos clientes e fizesse no nome deles empréstimos do valor mais alto possível e que tudo isso fosse transferido para uma conta no exterior.
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O carro chegou e um a um os reféns foram liberados conforme acordo. Já quase dentro do carro e fora do alcance da polícia Mr. Penny viu que um dos reféns havia escondido sua aliança e agora a colocava de volta, feliz em rever a esposa. Mr. Penny pensou o quanto deveria valer uma aliança de ouro como aquela e comparou com o que estava prestes a conseguir, era óbvio que não deveria seguir, porém Mr. Penny sabia o valor de cada centavo e saiu do carro correndo contra o homem já com a mulher nos braços e atirou neles com a calibre doze. Todos os policias abriram fogo e em menos de um segundo Mr. Penny estava no chão, com dezenas de buracos de bala em seu corpo. O negociador correu até ele e perguntou o porquê dele ter feito aquilo e suas últimas palavras foram:
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_Duzentos e cinquenta e cinco dólares.
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Era o preço que ele conseguiria pela aliança.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Heroin


I've been fed since the very start by your poison
That you breastfed me with, that you gently dropped into my ears
From your venomous mouth I heard about everything
So many lies I believed in, always the right word to speak

You held me in the shadows and now I'm afraid of light
We've been in the dark for so long
How come I would bite the hand that made me strong?
As you are the mother, I am the son

Keep your friends close and your enemies even closer
That what you told me since the day I was born
And if I was once inside your womb
So what does it mean, mom?

You are, You've ever been, My heroin
Trapped me, hiding me from the world
Making me your plaything, a toy, a machine
Today this ends here

I will be no longer the guardian of your fears
Deal with your misery, this is the ending of you and the beginning of me



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Harém & Haraam


Delicadas mãos com dedos suaves despiram cuidadosamente cada peça de seu mestre que como um paxá instalou-se na cama macia sobre almofadas de penas de cisne. Os incensos aromáticos de ervas afrodisíacas davam ao ambiente um ar místico e erótico e a música tocada pelas jovens no alaúde, cítara e no tambor árabe pareciam vir do próprio paraíso. Em cada dedo de suas mãos e pés uma boca carnuda prostrou-se a sugar, enquanto outras lhe beliscavam delicadamente os mamilos com os dentes e três compartilhavam o prazer de se dividir em seu sexo. A esposa mais velha lhe afagava os cabelos e lambia suas orelhas lhe perguntando maliciosamente ao pé do ouvido se todas aquelas mulheres não eram as mulheres mais lindas que ele havia visto em toda sua vida e se ele não era o homem mais feliz do reino de Alá. A mais jovem lhe dava na boca uvas com calda e a cada uma ele fazia questão de lhe chupar os dedos que ela havia usado anteriormente conforme sua ordem para se masturbar.
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O primeiro gozo veio rápido e todas gritaram e festejaram o ocorrido. As três que trabalhavam com o membro disputaram desesperadas entre si para poderem lamber cada gota e esfregavam com sofreguidão o esperma em seus sexos na esperança de trazer filhos para o xeique. Ele assistiu absorvido a dança do ventre com espadas e serpentes por um longo tempo admirando as esposas sensuais de olhares e sorrisos sedutores que conquistara durante sua vida. Fumando seu narguilé e bebendo vinho inebriava-se com a atmosfera de sexo que o cercava.
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Com um sinal de sua mão todas se puseram em sua frente uma do lado da outra para que ele escolhesse quais lhe cavalgariam. As fez virar várias vezes e abrirem o sexo para que inspecionasse quais delas eram as que possuíam os lábios carnudos na boca e entre as pernas do jeito que lhe aprazia. Também exigiu que algumas se beijassem para saber quais eram as mais apaixonadas. Das dezenas de mulheres que possuía separou dez entre as mais jovens, as mais lascivas e a mais velha para lhe satisfazer. As outras se deitaram em um círculo ao redor de seu amo e começaram a se satisfazer umas com as outras. O som dos gemidos misturava-se as notas da música e excitavam o velho.
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Uma a uma pela ordem escolhida galoparam por alguns minutos o sábio que grunhia e roncava como um porco cobrindo uma porca. Aquela que acabava voltava ao fim da fila ansiosa em sentir novamente um homem, mesmo o mais decrépito, dentro de si. Se ganhassem barriga não seriam mais objeto de desejo do déspota e se livrariam da tirana de sua primeira esposa por isso elas faziam de tudo para satisfazer seu dono. As que eram escolhidas para serem tomadas por trás tinham de disfarçar a dor e o desapontamento por não terem chance de engravidarem mesmo que se banhadas de gozo.
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A mais desesperada de todas para se livrar do asqueroso e caquético velho rebolou com tanta força apertando os testículos do homem que ele em um misto de prazer e revolta acabou explodindo em um orgasmo tão intenso que fez seu coração parar. A bruxa ao perceber o ocorrido correu para chamar o eunuco para cortar a garganta da assassina, entretanto as outras mulheres a agarraram pelos cabelos e a levaram até a piscina de leite de cabra e pétalas de rosa que usavam para se banhar antes de receber o xeique e lá a afogaram.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Montando Montanhas


Prefiro a dignidade de um cavaleiro derrubado à bravura de um peão sobre sua montaria.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Descobridor dos Sete Mares


Vim da selva de teus cabelos emaranhados onde dríades escondem-se em meio a medusas e os pensamentos obscenos nascem; da costa de tua testa parti. Pelo mar branco e macio como leite e cetim singrei, e cruzei as ilhas de tuas sobrancelhas afiadas de felina. Temi ao ver os poços escuros de teus grandes olhos curiosos, abismos de fúria, loucura e amor - pois sabia que se lá fosse me perderia em tua alma de esfinge e harpia. E vi o cume de teu nariz petulante de criança atrevida e rainha nobre até os lábios carnudos de tua boca maldita e deixei-me então vagar ao sabor de teu hálito doce. Com sofreguidão me libertei de teu sorriso místico de Mona Lisa e fui seguindo as curvas de teu queixo e pelo pescoço, segunda cintura, onde os vampiros sonham em cravar suas presas me deliciei e caí pelas cascatas de prazer até teu magnífico colo.
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Senti os batimentos de teu coração dobrarem nas profundezas como os sinos das catedrais inundadas de Atlântida. Regozijei-me de intenso júbilo arrebatador ao ser jogado contra os belos montes de teus seios deliciosos e por pouco não naufraguei na luxúria de meus devaneios. Acompanhei as correntes de teu ventre e pude sentir o calor de tua pele ao me aproximar das águas ao sul. Do redemoinho de teu umbigo levantaram súcubos para me atormentar, contudo nada poderia me impedir de encontrar o tesouro mais precioso que Eldorado. Já impaciente e nervoso, cheguei ao monte de Vênus e em nova selva penetrei trêmulo, salivante, ante ao úmido ar tropical de febre e desejo.
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Era de meu conhecimento as tentativas de meus predecessores em conquistar aquela gruta, terra prometida, e de suas derrotas para o esquecimento. Ali onde a rosa dos ventos era despedaçada pelo arrebol e gênios mastigavam suas pétalas, sereias me receberam com braços abertos e entre fêmeas no cio finalmente alcancei os degraus do paraíso e desvendei o esconderijo de Afrodite. Através de teu sexo desvendei teus segredos.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

IN NATURA

O Mal ...existia antes do mundo; [...] Consequentemente, existirá depois das criaturas que povoam esse mundo.

Marquês de Sade


O mundo não é um lugar perfeito. A natureza como essência não é sagrada nem benigna, nada similar a mãe que provê alimento e abrigo. O homem nunca foi e nunca será um reflexo divino de tendências justas. As florestas são recantos de monstros, onde se escondem os nossos pesadelos, não santuários de uma obra de amor.
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Não somos virtuosos, nem preocupados com o próximo antes de nós mesmos sem que isso seja nos ensinado, cobrado e se não cumprido, punido. Não respeitamos a liberdade, a opinião, a vida alheia antes da nossa e não dividimos o que é nosso se alguém não nos ameaçar. A civilização é a coleira do ser humano. Tire-a e terá o caos, bestas primitivas. Citando Dostoievéski, "se Deus não existe tudo é permitido". O Homo Sapiens não é mais evoluído que seus antepassados, apenas melhor adestrado.
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Ou seja, a Criação, se existiu alguma, não foi feita por mãos iluminadas, bem-intencionadas.
Um mundo melhor é um sonho de poucos, a maioria quer apenas um mundo em que a coleira aperte menos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

AnticristO


Noite fria, mas era preciso trabalhar. Afinal a época era ótima. O Natal talvez não tornasse as pessoas melhores, mas fazia com que elas gastassem mais. Por isso as caçambas de lixo tornavam-se minas de ouro para quem sabia procurar. E enquanto estava imerso no lixo como um porco chafurdando na lama ouviu um choro estridente. Surpreso, procurou a origem do som, deduzindo ser alguma boneca jogada fora por alguma menina rica e mal-agradecida. Mas nunca poderia imaginar o que encontraria. Uma criança recém-nascida enrolada em um roto cobertor dentro de uma caixa de sapato suja de sangue.
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O fedor era terrível e sem conseguir se segurar o morador de rua despejou na rua em espumantes golfadas a cachaça que bebera anteriormente. Enquanto se recompunha viu as sirenes de uma viatura aproximando-se em alta velocidade. Com medo de ser encontrado com aquele bebê pôs sua mão imunda sobre a boca da criança que chorava alto. Quando se deu conta a criança havia parado de respirar. Desesperado soprou com seu bafo podre para dentro dos pulmões do nenê devolvendo o choro ao pequeno.
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Pulou da caçamba e com a criança no colo fugiu pelas ruas correndo rápido. Deixou para trás muitas latinhas que poderiam ser recicladas rendendo um bom dinheiro. O suficiente até para umas duas refeições mais uma garrafa de pinga. Quando encontrou um beco seguro, acomodou-se com algumas folhas de jornais sujas e úmidas e cobriu-se . Viu correr uma ratazana de um bueiro próximo onde fervilhavam baratas e riu-se ao ver seu companheiro, Rex, traçar uma cadelinha sarnenta e ficar engatado nela. Cansado pegou o resto da marmita que encontrara no saco de lixo do restaurante que sempre roubava e deu um resto de caldo oleoso de feijão para o menino que se regalou com cada gota.
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De manhã acordou com o som de um carro parando no beco. A criança toda suja chorava alto e sem parar o que atraiu a atenção dos transeuntes e estes com medo do mendigo chamaram a polícia. O novato puxou a arma mesmo antes de dar as ordens para o pobre diabo mostrar as mãos e quando ele o fez puxou o gatilho temendo que o hippie fosse machucar o bebê que estava em seu colo. O sangue quente escorreu sobre o menininho o batizando.

Na mesma semana que o mendigo foi morto jovens de classe média-alta atearam fogo a um outro morador de rua que dormia em um banco de praça. O menino achado no lixo foi levado a um orfanato e recebeu o nome de Jesus.

terça-feira, 3 de maio de 2011

LUXÚRIA


Insaciável, animalesca, cruel, sempre faminta consome a tudo e a todos sem se entregar jamais. Irracional segue a natureza da repetição, da soma de corpos, como em uma guerra, empilhando em sua cama vítimas e as usando sem piedade. Febril na pele e gélida no coração, uma chama que queima sem arder. Mecânica e impiedosamente previsível. Um jogo marcado, uma dança de engrenagens, óleo, encaixes e combustão. Quente e efêmera. Um pecado por simplesmente ser infantil, pequena, um caminho fácil, uma recreação que ao se tornar séria, mostra a covardia dos que se entregam a ela. Porque o sexo vai além dos sexos, os corpos são mais do que carne.
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A Luxúria não pode dominar, mas sim ser dominada, usada. Devemos pisoteá-la e fazê-la de ponte para através do corpo, excitarmos a alma.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

BATHORY

A Condessa estava ansiosa por reencontrar seu marido que finalmente retornava para Sardar. Com a Hungria em guerra contra os turcos, o senhor de Erzsébet era essencial para a vitória, portanto sua esposa ficava longos períodos sozinha no castelo. Durante as ausências do Conde era a Condessa Bathory quem governava os empregados pelo extenso domínio dos Nadasdy.
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Ao saber do regresso de Ferenc, Bathory ordenou às suas criadas que lhe preparassem um banho perfumado. Enquanto uma das servas banhava seu corpo sinuoso, outra cuidava de suas unhas e outra ainda estava encarregada de penteá-la. Todas pareciam extremamente nervosas e desconfortáveis perante a nobre, mas a mais apavorada era a jovem que estava a pentear a cabeleira de Erzsébet. Seu pânico era tão grande que suas mãos tremiam e em um gesto descuidado a pobre acabou por puxar o cabelo da Condessa.

Bathory deu um grito de dor e tomada pela ira virou-se para trás fitando com fúria a criada. A moça desesperada começou a chorar implorando perdão o que fez só despertar ainda mais desprezo por parte de Bathory que lhe arrancou a escova das mãos e com um gesto rápido golpeou o rosto da serva. Seu golpe abriu um corte no rosto da jovem, segurando-a pelos cabelos Erzsébet não contente começou a bater a cabeça da serviçal contra a borda da banheira insultando-a, dizendo que ela deveria ter deixado os soldados de seu marido terem a violado ao contrário de protegê-la. Porque no fundo ela só servia para ser currada já que não passava de uma cadela sem aptidão para nada. Bateu repetidas vezes até que a criada parasse de respirar. Seu sangue jorrava quente escorrendo para dentro da banheira cobrindo a pele alva de Bathory.
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Ao se dar conta do que havia feito a Condessa largou a mulher que tombou sem vida. As duas outras criadas estavam aterrorizadas no canto do quarto, petrificadas por testemunhar tamanha brutalidade. Embaraçada por se entregar ao impulso de violência Erzsébet começou a rir das mulheres chamando-as com maliciosa doçura para perto de si, para que continuassem de onde haviam parado. Ambas hesitantes acabaram por se deixar levar por sua mestra e voltaram para a banheira. Erzsébet sentia-se estranhamente bem, excitada com o ocorrido. Sentia-se renascida em estar mergulhada no sangue virgem de sua empregada, parecia-lhe até mesmo que estava mais bela, mais viva, mais jovem. E a imagem dos soldados privados por meses de fêmeas violando uma jovem não saía de sua mente.
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O toque das mãos macias da criada que lhe lavava as pernas lhe arrepiava e com carinho guiou tais mãos delicadas para o meio de suas pernas. Trouxe para perto a outra que cuidava de suas unhas e lhe desamarrou o avental, deixando amostra os seios rosados e pequenos que ela começou a lamber e sugar. Puxou a criada que lhe masturbava para dentro da banheira com sangue e a beijou com sofreguidão enquanto ordenou para que a outra se despisse e se tocasse enquanto as assistia.
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Quando o Conde Ferenc Nadasdy chegou Bathory estava pronta, com uma pele de seda, vívida e deslumbrante como jamais estivera. A Condessa pediu ao seu marido que lhe trouxesse os dois mais bravos soldados de seu exército para receberem uma recompensa. Então adentraram as duas criadas que ajudaram Erzsébet com o banho e aos soldados elas foram concedidas. Bathory não satisfeita ordenou que eles as tomassem em sua frente e na de seu marido, estava curiosa para ver a ferocidade dos soldados. E eles não decepcionaram seus senhores. Pareciam bárbaros selvagens atacando as mulheres dos inimigos.
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Com palavras de desafio ela e Ferenc incitaram os dois brutos a estuprarem espancando e açoitando as duas mulheres, com a ajuda de instrumentos de tortura o prazer do casal em assistir o sofrimento alheio foi prolongado por horas até as mulheres cessarem de se mover. E enquanto os soldados abusavam das duas inocentes que sangravam mutiladas, Ferenc e Bathory riram-se, amaram-se e cuspiram no rosto estampado de dor e humilhação daquelas almas desafortunadas.
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Esse ritual acabou por se tornar tradição e antes e depois de qualquer campanha militar Bathory e seu marido brindavam e festejavam com seus soldados mais cruéis lhes presenteando com virgens para serem violadas e mortas. Os criados tremiam porque se algo não estivesse de acordo com a vontade da Condessa eles eram levados para serem torturados e seu sangue servia para banhá-la enquanto sofriam as mais inimagináveis atrocidades.
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Assim nascia uma parceria de amor e crueldade lendária que fez o nome da Condessa de Sangue ecoar pelos séculos, maior do que todas as conquistas de seu marido, sua maldade e libido impressionaram e impressionam por corar, despertar asco e desejo até hoje.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O JARDINEIRO (Capítulo Dois)

O JARDINEIRO

(Capítulo Dois)

Abel

***

O noviço quem preparava tudo para o dia seguinte. Por fim se dirigia ao aposento do padre para despedir-se e lhe beijava a mão. Ioseph respondia o gesto com um sorriso. Seu corpo não permitia mais os hábitos de antigamente. O velho antes de dormir ferrava a porta e se deliciava recordando ao olhar as fotos antigas escondidas na mala com segredo que ele guardava debaixo da cama.

Aquela noite como todas as outras sonhou com o passado, com o coral. O coral era uma paixão particular que ele sentia muita falta. Aquelas crianças cantando e exaltando a Deus, todos tão inocentes e puros como anjos, adoráveis, lindos, principalmente os meninos. E dentre todos, ele, Abby, o mais belo e o com a voz mais angelical... - jamais se perdoaria pelo que acontecera àquele pobre jovem. Um pecado.

Durante seu sonhar pareceu perceber uma presença ao seu lado, junto de seu leito e no delírio do sono pediu perdão a Abby, imaginando que ele tivesse vindo lhe fazer uma visita como no passado.

_Perdão Abby, por favor, me perdoe. Mas eu não podia evitar, você era tão lindo e eu, eu... te amava...

Uma voz sinistra sussurrou em seu ouvido antes de sufocá-lo:

_Eu te perdôo padre, mas vamos ver se Eleonore irá fazer o mesmo...

Eleonore soube da notícia por um telefonema, seu filho de treze anos havia pulado da ponte para a morte. Ninguém soube dizer a causa de seu suicídio, ele era inteligente e amado pelos colegas na escola e era a revelação no coral da igreja, sua mãe mesmo não tendo muitos recursos nunca deixara lhe faltar nada.

A notícia do desaparecimento do padre veio pela TV, uma notícia urgente mostrando uma foto do padre e fazendo uma revelação inimaginável. A polícia dizia ter encontrado junto dos pertences pessoais do padre indícios de pornografia infantil.

O telefone tocou, Eleonore ainda em choque atendeu. Uma voz grossa e rouca ordenou secamente:

_Vá até o túmulo de Abby e veja as fotos que separei da polícia para você. Seja rápida e não conte a ninguém. Tenho uma proposta para fazer.

Ela caiu de joelhos com lágrimas quentes queimando seu rosto sem controle, tremendo. Desacreditada quanto ao que acabara de se passar ela vasculhou a memória e lembrou-se dos sorrisos estranhos que o padre dirigia a Abel. De repente levantou-se, pegou a bolsa e partiu.

O velho acordou e a primeira coisa que se deu conta foi o fato de estar nu, preso a uma cadeira e com um saco cobrindo seu rosto.

_Olá padre... Seja bem-vindo, espero que não esteja confortável.

Confuso e assustado o padre começou a pedir que o soltasse, ele rogava tão frágil que mesmo o criminoso mais vil seria capaz de se compadecer de seu estado.

_Isso mesmo, vamos jogar seu jogo Ioseph. Mas sou eu quem dita as regras. Entenda, não estou condenando seus atos, pelo contrário, sou um admirador do seu trabalho. Todos que passaram por suas mãos deram belos frutos.

Aquela voz maníaca parecia a de um demônio, porém o que mais assustava Ioseph era o fato do desconhecido parecer conhecer seus segredos mais obscuros. Sempre temera ser descoberto e jurara a si mesmo que tiraria a própria vida antes de ser julgado pela justiça dos homens. Somente Deus poderia fazê-lo.

_Você é louco, não faço idéia do que está falando. Eu sempre trabalhei humildemente servindo ao Senhor e fiz o que pude para fazer a diferença junto ao meu rebanho.

_Ah Ioseph, por favor. Eu vi as fotos, eu sei de tudo. Inclusive guardei as de Abby de recordação, sei que elas são muito preciosas para você. É exatamente pelo fato de você ter escolhido abusar dos indefesos que o faz tão importante. Você arruinou muitas vidas que acabaram por arruinar outras vidas mais. Percebe a beleza disso tudo? A sequência de destruição e desgraça que você iniciou ao levar aqueles meninos para seu quarto? Você faz idéia do que eles se tornaram? Você ficaria tão orgulhoso se soubesse o que eles se tornaram graças a você.

Ioseph escutava a tudo sem responder nada, jamais lhe passara pela cabeça que ao ceder à tentação de amar poderia resultar em destruição e desgraça.

Sem misericórdia, como se lhe causasse prazer o remorso do padre o homem continuou a falar.

_Porém Abby não rendeu frutos, deu cabo de sua vida e essa perda fez você parar. Sua mãe não se revoltou. Ela está presa pelo luto, pela dor. E é aí que você entra Ioseph, com a sua ajuda nós vamos mudar isso. Vamos libertar a ira que ela guardou por todos esses anos. Você sabe o quão bom é se entregar a tentação, vamos ver se Eleonore irá sentir o mesmo. Estou apostando que sim.

_Quem é você, Lúcifer? Como sabe de tudo isso, como pode saber? E o que você quer de mim, seu louco!

_Eu, Lúcifer? Quem dera, não adianta me bajular Ioseph. Somente cuido para que seu jardim esteja sempre belo. Nós nascemos maus Ioseph e se Deus não existe, tudo é permitido. A natureza humana é essencialmente maligna. Nós vamos fazer com que Eleonore experimente um pouco do que nós dois conhecemos muito bem. A semente da vingança está plantada há muito em Eleonore e até então ela não tinha um rosto para poder se voltar contra. Hoje ela vai florescer.

Horas mais tarde o homem retornou, o padre reconheceu seus passos pesados. O que o encheu de pavor foi perceber que o “jardineiro” não estava sozinho. Alguém se sentou a sua frente, a respiração ofegante, nervosa. Finalmente o silêncio foi quebrado:

_Perdoe-me padre, porque vou pecar. Vou tirar a vida de um homem e não me arrependo nem um pouco. Pelo contrário, estou com medo de que não possa me segurar e acabe indo rápido demais, que eu não faça você sofrer o suficiente. Perdoe-me padre, se puder, porque eu não te perdôo. Nunca perdoarei

Uma nova flor do mal desabrochara no jardim.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Para as Putas Tristes

Prefiro brincar com fogo e correr o risco de me queimar a morrer congelado. Baixar a guarda e talvez ser alvejado no peito a me blindar em uma armadura de insensibilidade. Abrir a porta no meio da noite e ser furtado a viver em um castelo com lembranças do passado. Quero mergulhar fundo, não a segurança do raso, do superficial, do descaso. Ser bicho, ser lobo e não um brinquedo, um passatempo, mais um corpo sem alma, sem rosto, sem gosto. Viver mais do que o hoje e sonhar com um futuro gozoso glorioso.

Viver dez anos a mil, ontem, hoje e sempre acreditando.

Nada pode ser mais miserável do que a memória das putas tristes. Se como no romance de García Márquez até um nonagenário pode descobrir o amor, não vejo vantagem para quem se castra da pior maneira, matando o coração. Nem todos tem a sorte de viver até os noventa.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Christian Woman - Type O Negative

Forgive her
For she knows
Not what she does....

A cross upon her bedroom wall.
From grace she will fall.
An image burning in her mind.
And between her thighs.

A dying God-man full of pain.
When will you cum again?

Before him beg to serve or please.
On your back or knees.

There's no forgiveness for her sins.
Prefers punishment?

Would you suffer eternally
Or internally?

Ah.

For her lust
She'll burn in hell.
Her soul done medium well.

All through mass
manual stimulation
Salvation.

Corpus Christi
She needs
Corpus Christi
Corpus Christi.

Corpus Christi
She needs
Corpus Christi
Corpus Christi.

Body of Christ.
She needs.
Body of Christ.
Body of Christ.

She'd like to know God.
love God.

Feel her God.
Inside of her - deep inside of her.

She'd like to know God.
love God.

Feel, feel, feel
Her God,
Inside of her
Deep inside of her.

Inside of her
Deep inside of her.

Jesus Christ looks like me
Jesus Christ,
Jesus Christ looks like me
Jesus Christ.

Hóstia



Nevava, Matilde estava nua em seu apartamento minúsculo. O último cliente do dia acabara de partir e ela aproveitava para relaxar. Estava cansada, a pele quente lavada de suor e esperma, mas feliz. Era véspera de Natal e Matilde sempre acreditou que as pessoas se tornavam melhores nessa época. Por exemplo, o último cliente em questão havia deixado uma maço de cigarros caro de presente para ela. Isso tinha que significar alguma coisa, não?
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Começou a recordar de quando foi violada por seu pai, de quando apanhou de sua mãe quando ela soube e da inveja dela por saber que sua filha dava mais prazer ao seu marido que ela mesma. O orgulho de se tornar a puta mais procurada da rua e de receber até mesmo seus primos que há muito fantasiavam com seu corpo. A decepção ao procurar um pouco de ajuda na fé e perceber que o padre se masturbava enquanto ela confessava com detalhes o que fizera com cada cliente do dia.
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No entanto tudo aquilo era passado, os anos ensinaram Matilde. E ela ensinou os clientes, ninguém mais tentou sair sem pagar ou quebrar a sua cara. Seu amigo que por muito tempo ela dividiu um quarto na pensão da Salomé lhe ensinou a usar a navalha e ela brandia a lâmina como ninguém. Ela em contrapartida o maquiava e o deixava lindo, uma linda rapariga que fazia o que os homens quisessem, era menino e menina e cobrava caro. Matilde sentia falta daquele viado, ele era muito engraçado, pena que foi embora tão cedo devido a "maldita".
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Matilde esteve com ele nos seus últimos dias e ele deixou para ela suas economias. Foi com esse dinheiro que Matilde conseguiu comprar o apartamento que agora vive. Se fosse para ela se apaixonar por alguém, seria por aquele rapaz lindo com rosto de boneca. Porém Matilde sabia que nenhum homem poderia de fato amar uma mulher como ela, todos eram animais e procuravam apenas se saciar. Só havia um a quem ela poderia se entregar sem medo.
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Pegou o crucifixo roubado de uma tumba enfeitada no cemitério e abriu as pernas deixando o amor invadi-la. Apenas Ele sabia o que era amor e Matilde orou por horas, engolindo à sua maneira o corpo de Cristo em comunhão com o seu próprio.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pequena Morte


Que as chamas devorem os fracos, incendeiem as almas, queimem as feridas, incinerem o passado e das cinzas renasça mais forte o desejo. Ardente, flamejante, em beijos inflamáveis e pele febril, corpos suados e noites infernais. Pois o futuro será ígneo, vulcânico, quente e úmido, forte, lento e fundo. Regado a gasolina, traga um fósforo para brincarmos com fogo. Combustão de prazer, carbonizando fantasias, o combustível é a saliva. E lancemos nessa pira os lencóis sujos e deitemos sobre o carvão faiscante, salamandras insinuantes, bailando, dragões e diabos ao redor de nossa consumação piromaníaca. Labaredas lambendo a pele, as paredes, os sexos. Derretendo velas e estátuas de cera, anjos escorrendo, o prazer manchando a pele, sangue pulsando rápido e fervente. Sentidos em ebulição, gritando em vapores abafados a liberdade e a solidão, a pequena morte.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Votos


Que tua boca me beije, me engula, me sugue, me lamba, me morda
E tuas mãos me abracem e teus dedos me arranhem e me acariciem
Como os meus hão de te penetrar e tocá-la por dentro
Fazendo-te tremer, gemer, contorcer-se, implorar

Invadindo-te por inteira
O meu corpo te violará com força e violência
Como gostamos, como animais
E me desfazerei dentro de ti, em flama líquida
E você verterá ondas, espuma e paz

Sem nunca dizer - "Eu te amo" - jamais

Na saúde e na indecência
Até que o desejo se acabe
Amém

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

EGO


Ele era arrogante e orgulhoso, servo da vaidade e um cínico que sonhava em ser romântico. Amava perdidamente, desde que o objeto de seu desejo o venerasse. Para ele, escrever sobre seus sentimentos e dores era como lustrar um espelho próprio, um Narciso petulante e solitário que de tanto se enganar, começou a aprender a machucar para evitar ser machucado. Escritor maldito e perdido, sorrindo e vazio, esquentando-se nos corpos alheios e matando a sede na saliva das bocas que se propusessem. Um sátiro, um bobo da corte.
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Uma comédia que sonhava em ser drama.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Carpe Diem


Sua boca cheirava a cigarro e bebida, mas o que ela fazia com a língua valia esse pequeno preço. O toque de decadência até chegava a lhe parecer charmoso, conveniente para um poeta maldito, eram os pensamentos que lhe passavam quando bebia. Fora que ele com seu poder de argumentação a dominava e isso era como um combustível precisoso para a sua vaidade. Contra todas as apostas e premonições, contudo, faziam-se felizes. Sem cobranças, sem bobagens, primitivamente como animais eles se atraíam e seus corpos se entendiam.
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A chuva os perseguia onde estivessem, era sair ao ar livre e as águas lhes lavava a alma. Os céus pareciam obcecados em lhes redimir os pecados, entretanto ambos não se interessavam em se arrepender. Muitas cicatrizes fazem isso com as pessoas, ao invés de querer esquecer ou apagar o passado esses seres aproveitam para viver o presente. Um presente sem futuro, um presente sem passado, um presente sem esperança de ser mais do que um presente.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Satisfaction


Não quero ter todas as mulheres do mundo
Mas quero dar a cada mulher que tiver
Um mergulho profundo

E ser o melhor que puder
Sem precisar fazê-la esquecer de todos os outros
Apenas sabendo que ela há de me guardar sempre bem

E semear sorrisos e suspiros
Gemidos e carinhos
Sem medo, sem dor, sem pressa

E ao menos em um segundo de cada noite

Me sentir pleno

Quase que
completamente

...satisfeito