quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Incrível Arte da Proxilidade ou o Blá Blá Blá


O ato de falar tem uma função, transmitir informação. Contudo algumas pessoas conseguem transformar essa verdade básica da comunicação. Elas ficam falando por oras sem dizer coisa alguma. Simplesmente essas pessoas soam, são máquinas de sons que verbalizam o silêncio. A minha admiração por essa arte é enorme, porque simplesmente não consigo conceber essa possibilidade de escrever ou falar e não realmente me comunicar de alguma maneira. É um teatro mudo com falas.

Políticos, líderes religiosos e outras figuras de importância parecem adquirir essa habilidade para lidar com as massas e elas correspondem ouvindo aquela música sem sentido e assim hipnotizadas, não dizem nada. Não reclamam, não pensam, não criam.

Alguns chefes parecem também possuir essa característica sobrenatural, a enrolação em nível de tão alta falta de vergonha que você chega a duvidar que não haja realmente nenhum significado naquele discurso inteiro. Mas não se engane, essas falas são iguais a tambores, fazem muito barulho, porém são completamente vazios por dentro.

Meu sincero parabéns para quem consegue ser cara-de-pau assim.
Agora cabe a você decidir se este texto fala sobre alguma coisa ou não.

domingo, 4 de julho de 2010

Seis Eunucos


O gosto de sangue entre os dentes era delicioso, a dor, uma sensação conhecida. Eram tantos vultos, homens animalescos reduzidos ao seu impulso mais primitivo. Ela, indefesa, abatida, foi rodeada e ferida por tantas flechas quanto São Sebastião pelos romanos. Eles a penetravam de tantas formas que a comparação a ajudava a suportar o insuportável. As amarras quando finalmente se saciaram estavam frouxas pelos movimentos frenéticos. Assim conseguiu alcançar uma faca e se soltar. Nua na cova dos leões como Daniel, com seis homens adormecidos ao seu redor, todos exaustos.
O sangue escorria por suas nádegas e descia pelas coxas. Os hematomas deformavam o outrora belo rosto. Carne viva. Um a um tocou vagarosamente e com carinho atou os nós delicadamente enquanto eles sonhavam. Um a um ela despertou. Eles ao perceberem que haviam sido mutilados, com o sangue jorrando forte de onde há pouco sua virilidade provara seu valor, gritavam em puro desespero e terror. Com uma paciência encantadora, suja de sangue e esperma, ela foi se banhar. Vestiu-se, pegou o dinheiro do resgate e desapareceu deixando seis eunucos para trás. Ela se tornara a mão esquerda de Deus.