sexta-feira, 11 de abril de 2014

Soneto à Saudade


Como soldados se despedindo sem certeza de voltar
Como marinheiros com lágrimas nos olhos adoçando o mar
Como crianças sem conseguir segurar a emoção
Como mães horrorizadas tapando o grito com as mãos

Como os orgulhosos sensíveis sem olhar pra trás
Como as mulheres que todos os dias sonham com o reencontro no cais
Como os cães que se lembram mesmo que ninguém mais
Como o abraço guardado que nunca será esquecido jamais

Há quem consiga lembrar e sorrir e entender que nada é para sempre
Há quem apenas veja a presença da ausência, fazendo-lhe companhia
Há quem não queira encarar que o que foi não é mais, de frente

Há quem possa enlouquecer em angústia
Há quem deixe de acreditar em milagres
E há quem sangre por letras