sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Quero que haja sempre uma cerveja em sua mão e que esteja ao seu lado seu grande amor



Às vezes no final da noite sinto muito sua falta. Queria ter você aqui comigo agora. E às vezes no fim da noite sinto uma vontade enorme de tomar um gole de alguma cerveja amarga importada. E ao constatar no fim do meu dia quando deito para descansar que os meus desejos são esses, você e cerveja, não consigo imaginar uma prova de amor maior que essa. Obviamente para quem está de fora pode soar como uma forma estranha de amar, do meu jeito, sempre diferente de fazer as coisas.

Sei que isso não é o que esperam a maioria das mulheres, costumo dizer que para as mulheres serem amadas como sonham, elas devem amar outras mulheres e terem sorte, torcer, para encontrar alguém que possa ser tão carente quanto elas para serem correspondidas da mesma maneira. Os homens são menos glamorosos que as mulheres, amamos sem floreios, somos menos espetáculo. O nosso amor é mais direto, simples, como um leão no circo rugindo contra o chicote do adestrador, não somos o número de mágica, somos feras enjauladas. Mas nem por isso somos menos profundos, amamos menos. Ao menos eu sou assim, já que não posso afirmar sobre todos os homens, falo sobre o homem que sou.

Como uma tempestade de areia que atinge todos os sentidos e arrebata exércitos, não como um jardim secreto escondido onde a Árvore do Segredo da Vida descansa. E ao me deparar que não é apenas por desejo, companhia ou intimidade que sinto sua falta, me surpreendo. Porque sentir isso é irracional. Sinto como se tivesse descoberto uma falha nas leis do Universo, como se tivesse descoberto um segredo da natureza por ninguém ainda revelado. Como se descobrisse que a gravidade não é universal ou uma maneira de enganar a morte. Mas no fundo, para nós humanos, não há nada mais natural do que o amor.

Somos treinados pela biologia para amar. A arma secreta da reprodução - o amor. E treinados para não acharmos que ele é algo natural, mas sim sobrenatural, especial, nos enganamos e nos perdemos. E assim encontramos o paradoxo de loucura do amor, entre o saber e o sentir. A dosagem desequilibrada dessa droga entorpecente engana sentidos e razão. Somos bombardeados pelos nervos super estimulados, glândulas que soltam e produzem substâncias para confundir o nosso cérebro, se espalham e queimam na veia e nos faz ter febre, para interromper as conexões dos nossos neurônios e nos tornar viciados.

A sensação de amar é semelhante a se drogar, produz os mesmos efeitos que saboreamos ao nos embebedarmos. Por isso, quando digo que sinto sua falta de noite, no fim do dia quando a verdade se revela e quando digo que também sinto vontade de tomar um gole gelado de alguma cerveja amarga importada me alegro e ao mesmo tempo me pasmo. Isso, no meu mundo, é realmente amor. Com espuma e malte, ou trigo, em suma: cevada e saudade. E a vontade de brindar a tudo isso é o que me fará acordar de manhã, amanhã e depois.

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